Kerolzinha
Num orgasmo de lirismo, sinto o gosto agudo da imaginação.
O cheiro é cinzento, com sabor rosado, nos pedaços novos um pouco azulado, e move-se como lama, vagarosamente. Às vezes torna-se rígido e me fere, chocando-se comigo. Aí então sou caco de vidro no chão. Estrela onírica.
Perco a consciência e encontro maior serenidade na alucinação. Como se visse alguém bebendo água e descobrisse que tinha sede. Sede profunda e velha.
De longe tenho todas as coisas.

Salvador Dali, Galatea of the Spheres